terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Quilombolas são ameaçados no Maranhão

José da Cruz está marcado para morrer. A Comissão Pastoral da Terra divulgou este mês que o poço d’água utilizado pela comunidade quilombola Salgado, em Pirapemas (MA), foi envenenado. Dezoito animais pertencentes a Cruz morreram. Em agosto ele perdeu uma porca – morta por um pistoleiro, que disparou várias vezes contra sua casa.

Os alvos não eram somente os animais.

No último dia 16 de dezembro, a Comissão de Direitos Humanos da OAB fez uma coletiva de imprensa em São Luís, para denunciar os atentados. Dias depois, Cruz informou que dois pistoleiros o procuraram em sua casa para matá-lo.

Os conflitos na comunidade já duram 30 anos. Dois posseiros disputam as terras e o acesso à água. A Justiça emitiu uma decisão favorável aos descendentes de escravos, em outubro de 2010, mas os fazendeiros entraram com um mandado de reintegração de posse.

Há suspeita de conivência da polícia com os dois fazendeiros. Um escrivão foi visto em companhia dos suspeitos. E dirigindo o carro de um deles.

A Anistia Internacional lançou na quinta-feira uma campanha internacional em defesa da comunidade. E ela não é a única ameaçada no Maranhão. Segundo o caderno Conflitos no Campo 2010, da CPT no Maranhão, o Estado tem 170 áreas de conflito – e 59 quilombolas ameaçados.

Dezoito lideranças fizeram greve de fome em julho, na sede do Incra-MA, em protesto contra os conflitos no Estado. Em outubro de 2010, foi executado o líder Flaviano Neto, do quilombo Charco, em São Vicente Ferrér. Outros quatro líderes foram mortos de lá para cá.

Em julho, os ameaçados foram o próprio coordenador da CPT no Maranhão, padre Inaldo Serejo, e o advogado da comissão, Diogo Cabral.  Serejo escreveu uma carta no dia 14 onde diz que, em 2011, as famílias quilombolas de Salgado “sofreram vários tipos de humilhações, ameaças, intimidações e violência em seu território”.

- Contudo, o Estado fez pouco caso da situação. A cada dia, maiores são as violências contra a Comunidade Salgado/Pontes. Tememos o pior!

Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)

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